segunda-feira, 22 de março de 2010

Garrano: o cavalo selvagem da Peneda-Gerês

Garrano é uma raça de cavalo nativa do Norte de Portugal, utilizada desde há muitos séculos como animal de carga e trabalho. Devido ao seu tamanho é considerado um Poney.
Este animal, de apascentação livre na raia galaico-portuguesa, há muito que aí vive, fazendo parte da riqueza pecuária dos povos da região.
Nos finais do séc. XIX, com a submissão ao regime florestal do maciço da Peneda-Gerês e de tantos outros montes do nosso País, o garrano viu diminuída a sua importância, quase chegando a desaparecer. Mas em 1943, por determinação do sub-secretário de Estado da Agricultura, foi constituído um pequeno grupo destinado a preservar a raça "em liberdade e no seu ambiente próprio", medida integrada numa ampla acção de criação de reservas de animais autóctones em todos os perímetros florestais.

Hoje, o que observamos no Parque Peneda-Gerês não é mais do que a descendência do efectivo inicial, 21 garranos, oriundos do meio rural e libertados no Vale do Homem, entre as serras Amarela e do Gerês.
Trata-se de um animal de pequena estatura - 1,32 m em média -, cor castanha, membros robustos e curtos, perfil côncavo e pescoço grosso adornado frequentemente de uma densa crina.
No Inverno, quando o frio aperta, veste-se de forte pelagem.
Parente próximo dos póneis da Europa do Norte, o garrano galiziano adaptou-se às regiões montanhosas húmidas e frias, tendo evoluído ao sabor do avanço e do recuo dos glaciares do Paleolítico Médio.
Distribui-se este solípede pela região Norte e em especial pelas montanhas do Minho e do Noroeste de Trás-os-Montes alcançando as Astúrias através da Galiza. É, pois, um animal característico do Nodeste Ibérico, muito apreciado pela sua resistência e constituindo enormes manadas sobretudo na vizinha Galiza, onde são apascentados, tal como em Portugal, no baldio.
Como vive o garrano bravio? Pela sua rusticidade, o garrano bravio encontra-se profundamente ligado e adaptado ao meio que o rodeia.
A sua grande concentração é hoje nas encostas mais inóspitas do parque Nacional da Peneda Gerês para deleite de todos nós quando com eles nos cruzamos nessas serranias.
Trata-se de áreas de elevada e média altitude, muito acidentadas e associadas a um sem número de habitats, de onde sobressai, no Verão, pela frescura, o carvalhal com a sua diversidade de árvores, arbustos e plantas herbáceas que lhe servem de abrigo e alimento.
No Inverno, prefere os descampados alimentando-se de tojo, urze e giesta, e no Outono ambas as áreas, consumindo também frutos como o medronho.
Do comportamento destacam-se as seguintes facetas: no período do cio as fêmeas acompanham permanentemente o garanhão que procura manter a todo o custo a coesão do grupo.
Época de combates, os machos enfrentam-se lutando a coice e à dentada pela posse do harém e sofrendo com isso, por vezes, ferimentos de certa monta.
Como qualquer mãe, as garranas olham pelos filhos, os potros, com um carinho extremo. De referir o sistema defensivo "em círculo" frente ao lobo, com as garupas para fora e as crias no interior, defendendo-os a coice, se necessário. Ainda assim registe-se uma certa mortalidade frente ao lobo, sobretudo entre animais velhos e doentes e também entre algumas crias mais desprevenidas.
Sorte igual têm por vezes os outros garranos, os garranos particulares, pertença dos povos locais e que pastam também no baldio serrano.
Idênticos em comportamento, os garranos particulares diferem por vezes no porte e na coloração da pelagem. São animais manchados e por isso mais fáceis de identificar pelos seus donos e com maior porte, com mais carne, o que os torna sem dúvida mais rentáveis.
Capturados geralmente pelos dois anos - ao contrário dos bravios cuja captura é proibida - os garranos particulares são fruto de cruzamentos com animais de raças estranhas, introduzidas propositadamente no monte.


Texto retirado do site http://www.terraverde.pt/Fauna/1_garrano/1_garrano.htm

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