terça-feira, 20 de julho de 2010

Tomada de posição sobre o "mega-desajustamento" de Terras de Bouro

Publico a tomada de posição apresentada em reunião do Conselho Pedagógico sobre o "mega-desajustamento" pelo Dr. Manuel Adelino Cracel Viana.
Finalmente, apareceu alguém com “ELES NO SÍTIO” na nossa TERRA! É um verdadeiro grito de coragem contra o pacifismo dos terrabourenses, principalmente para os do Vale do Cávado, que nem “tossiram nem mugiram”!

DEPOIMENTO AO CONSELHO
PEDAGÓGICO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS
DO VALE DO HOMEM SOBRE A EXTINÇÃO E POSTERIOR
FUSÃO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DO VALE DO HOMEM E
DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE RIO CALDO - TERRAS DE BOURO

Apesar da reconhecida preocupação do Director do Agrupamento de Escolas do Vale do Homem, Professor Óscar Rodrigues, em manter informados todos os docentes deste Agrupamento, tendo para o efeito promovido uma reunião geral de professores no dia 30 de Junho de 2010, e dado esclarecimentos ao Conselho Pedagógico em reuniões sucessivas, é para mim evidente que o Ministério da Educação, escolhendo o timing de final de ano e subsequente período de férias, procurou tratar “no segredo dos deuses” o dossiê relativo à fusão dos dois agrupamentos de escolas de Terras de Bouro, revelando uma postura impositiva e anti-democrática (porque não cuidou de ouvir os respectivos órgãos: Direcções Executivas, Conselhos Pedagógicos, Conselhos Gerais, Conselho Municipal de Educação, etc.), desenraizada de quaisquer preocupações sociais e pedagógicas, criando graves constrangimentos que, a prazo, se revelarão penalizadores para as comunidades educativas que os actuais agrupamentos servem.
O serviço docente não se limita ao cumprimento de horários de trabalho nem à consecução de objectivos de natureza estatística. Educar, todos o sabemos, é acompanhar e partilhar, é experimentar o fácil e o difícil, o sucesso e o insucesso, as vitórias e os falhanços…e para isso devem os docentes estar motivados, cúmplices de expectativas comuns e de projectos co-construídos.
Não assumir isto é não perceber o essencial em educação e não concebo que o ME não persiga o melhor para a educação. Garantido é que, ao impor a fusão dos agrupamentos de escolas, o ME abdica do reconhecimento das autonomias pedagógicas, do estímulo pela inovação e do respeito pela identidade de cada comunidade educativa; cede a interesses ilusoriamente economicistas.
Escolher a educação para dar “sinais” de poupança é um tremendo erro de casting - será sempre muito mais dispendioso o futuro de gerações impreparadas, desqualificadas e incompetentes!… Um equilíbrio das finanças públicas significativamente palpável passará, sobretudo, pela reorganização administrativa do Estado e pela redução do “mundo político”, onde, por exemplo, múltiplos institutos de duvidosa utilidade sorvem o erário público em descaradas nomeações de comissariados partidários… esses, sim, devem ser fundidos ou extintos.
Com esta postura, o ME assemelha-se a uma dependência do Ministério das Finanças, não cuidando de estimular os professores para a sua tarefa primeira de ensinar, formar e educar, e espera que estes tornem exequível o funcionamento de um projecto de escola imposto, não partilhado, desajustado e, consequentemente, pedagogicamente estéril.
As realidades pedagógicas dos actuais agrupamentos são realidades distintas: o Vale do Cávado e o Vale do Homem têm as suas próprias idiossincrasias, mas são precisamente as suas diferenças e as suas especificidades que valorizam e enriquecem, porque o diversificam, o município de Terras de Bouro.

Reconheço que os agrupamentos actuais poderiam fazer mais intercâmbio de experiências pedagógicas e partilha de projectos; compreendo, no entanto, que os constrangimentos provocados pela separação de uma montanha (que qualquer fusão jamais conseguirá disfarçar) tornam seriamente inexequíveis quaisquer esforços de colaboração quotidiana na construção de um projecto educativo comum.
Em face do exposto, eu, Manuel Adelino Cracel Viana, professor da Escola Padre Martins Capela, do Agrupamento de Escolas do Vale do Homem, manifesto todo o meu repúdio pela fusão ora imposta pelo ME, por não lhe vislumbrar nenhum desafio profissional estimulante para os docentes nem quaisquer vantagens ou benefícios pedagógicos e de valorização sócio-cultural para os alunos e respectivas famílias do município de Terras de Bouro.
Terras de Bouro, Escola Padre Martins Capela, 19 de Julho de 2010.
O Professor,
(Manuel Adelino Cracel Via
na)

5 comentários:

Unknown disse...

É verdade, finalmente alguem com ELES NO SITIO, esta atitude do Sr. Professor Manuel Adelino é de Louvar. Espero que acham mais Terrabourenses a demostrar o seu desagrado por esta atitude. Porque não fazer uma recolha de assinaturas contra esta..., bem nem sei que nome lhe dar, fica a ideia no ar.
Sr. Professor o meus parabens pelo acto de coragem, demostrou claramente estar á altura de um verdadeiro "Burio". Sempre fomos um povo de grandes lutas, como reza a nossa história, nunca baixamos os braços, porque devemos baixar agora?
OBRIGADO

Unknown disse...

O Dr. Manuel Adelino Viana sempre foi um homem de coragem e isso viu-se quando era o presidente da assembleia municipal.
Obrigada, por lutar pelos nossos interesses!

Joana Aguiar

Anónimo disse...

Parabéns Dr.Manuel Adelino, numca tive dúvidas da forma como encarou os problemas do nosso Concelho, a coerência e determinação fazem falta a Terras de Bouro.

Sónia Carvalho disse...

Finalmente alguem que sabe o que diz!!!!

Anónimo disse...

Parabéns Manel! Eu sei que tu sabes bem o que é melhor para a tua terra e para as gentes que ainda lá vivem! Não desistas de lutar por aquilo em que acreditas e pelo bem de todos!

Beatriz