sábado, 14 de agosto de 2010

Terras de Bouro a contas com os incêndios

Quatro áreas protegidas estão em risco. Fogos já destruíram 68 mil hectares desde o início do ano
Bombeiros a correr de um lado para o outro, tentando chegar a todas as urgências, vento a soprar nas terras altas da serra da Estrela e no Parque Natural da Peneda-Gerês, reacendimentos, suspeitas de crime, tudo misturado fez com que ontem fosse mais um dia difícil para quase 1200 bombeiros que nas últimas 24 horas combateram 328 fogos.

À hora de fecho desta edição, pelo menos 28 fogos estavam ainda activos, dos quais 13 por dominar. As chamas já atingiram quatro áreas protegidas, embora o fogo esteja ainda longe das espécies florestais mais valiosas. As frentes activas nos parques naturais de Peneda-Gerês, serra da Estrela, Alvão e Douro Internacional são as que já registam estragos, mas a Mata do Cabril e a Reserva Biogenética da Serra da Estrela estão entre as maiores preocupações. Desde o início deste ano já arderam em Portugal mais de 68 mil hectares. Os números foram divulgados ontem pelo Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais.
Do total da área ardida, 18 784 hectares pertencem aos parques naturais, quase tanto como no pior ano de fogos: 2005.
Os incêndios mais alarmantes e que mais meios da protecção civil mobilizaram concentraram-se ontem nos parques naturais da Peneda-Gerês, no distrito de Braga, e na serra da Estrela (Guarda). O "vento é o pior inimigo" dos 255 bombeiros que tentam apagar o fogo na aldeia da serra, em pleno parque natural da serra da Estrela, conta o comandante António Fonseca, do Comando Distrital de Operações de Socorro da Guarda.
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No distrito de Braga, o incêndio que começou há uma semana em Vilarinho das Furnas, no concelho de Terras de Bouro (Gerês) chegou a ser dado como controlado, mas reacendeu ao meio-dia de ontem, mobilizando 20 bombeiros que contaram com o apoio de dois aerotanques Airtractor. Mas foi em Calcedónia, onde o fogo esteve mais descontrolado. Cem bombeiros, 30 carros e um helicóptero tentavam ainda pela noite dentro combater a única frente activa que restava.
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Um dia complicado mas não surpreendente para o comandante operacional nacional da protecção civil, Gil Martins, que ao início da tarde avisou que o combate aos fogos não ia ser uma missão fácil. O Presidente, Cavaco Silva, e o primeiro-ministro, José Sócrates, interromperam as férias para ver de perto as operações da protecção civil, em Carnaxide. Ao fim de uma reunião de duas horas saiu o apelo do chefe de Estado para todos os portugueses: "Não deixem de comunicar às autoridades e apoiem os bombeiros, que, no terreno, fazem tudo o que é possível, com um esforço tremendo, com um grande sacrifício, para proteger os cidadãos e os seus bens."
Fonte: “Hoje Portugal”, em 14-08-2010

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