sábado, 25 de setembro de 2010

Empresa das Águas do Gerês: a era de Honório de Lima

Dentre os vultos que fizeram parte das primeiras gerências da Empresa das Águas do Gerês, cuja resenha histórica agora retomamos por, em antes, não termos disposto de espaço adequado para o efeito, destaca-se a prestigiada figura do capitalista portuense Eduardo Honório de Lima.
A sua passagem pela gerência dessa empresa, nos anos 20/30 do século passado, marcou uma época de elevado fulgor na vida da EAG, um período áureo consubstanciado nas inaugurações da colunata, do parque das termas e do "Bairro dos Pobres", na Assureira.

Os projectos da colunata, tal como os do parque e do bairro social, faziam parte, aliás, das cláusulas constantes no primeiro contrato de concessão da exploração termal, em 1896, onde era explícita a indicação de que para fazer face aos encargos avultados dessas obras, deveria a empresa destinar anualmente uma percentagem de 20% do produto dos bilhetes de águas computados em mil reis cada um, o que era equivalente a 10% do produto desses bilhetes ao preço de dois mil reis.
Inaugurada em 1926, à colunata ser-Ihe-ia dado o nome do seu dinâmico impulsionador, Honório de Lima, que ainda hoje se mantém numa lápide instalada logo no início do "passeio coberto", designação com que este "ex-Iibris" geresiano aparece mencionado nos primeiros alvarás de concessão, mesmo defronte à "buvete" termal. No Parque das Termas, onde além de árvores exóticas de grande porte, seleccionadas pelo então Regente Florestal, Tude de Sousa, viria a ser-Ihe atribuído pela empresa proprietária, o nome daquele conceituado técnico florestal, alentejano de nascimento, em reconhecimento dos relevantes serviços por ele prestados ao Gerês e à sua serra, durante 15 anos, foi construído um lago com barcos de recreio, cujo porto de embarque é feito a partir de umas monumentais grutas artificiais de belo efeito.
De salientar, entretanto, que a acção de Honório de Lima no Gerês não se quedou apenas à sua actividade empresarial. Nascido no Maranhão, Brasil, em 21 de Novembro de 1856, veio para o Porto, terra dos seus antepassados, ainda jovem, onde passou a viver numa quinta de Cedofeita.
Cedo começou a revelar, na Cidade Invicta, a sua propensão para as actividades culturais, para além de comerciante de créditos firmados que lhe granjearam enorme prestígio e reputação. Em 26 de Abril de 1884 consorciou-se com O. Elisa Adelaide de Bessa Cardoso (1861-1947), senhora de grande estrutura moral e elevado espírito solidário que em muito ajudou os pobres do Gerês naqueles tempos difíceis. Habituais frequentadores desta estância termal, hospedavam-se, habitualmente, no Hotel Universal, sendo o quarto preferido deste benemérito casal, o último do 1° andar, voltado para a Avenida Manuel Francisco da Costa, no topo norte, paredes meias com o balneário de 1.ª classe.
Distinguiu-se este casal nas suas estadias no Gerês pelas suas generosas acções de benemerência….
Pode continuar a leitura deste belíssimo texto assinado pelo Dr. Agostinho Moura, na edição do jornal Geresão, de 20-09-2010.

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