segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Apoios sociais e solidariedade multiplicam-se para disfarçar a crise no Natal

A época natalícia é, por natureza e tradição, uma época em que a solidariedade se multiplica e onde o espírito da quadra obriga a que os mais abastados olhem por quem menos possui. No entanto, esta ainda é uma altura do ano de difícil travessia para muitos agregados familiares do Vale do Homem.
Cada vez mais afectada pela crise económica nacional, esta região tem assistido a um aumento do número de desempregados, a que se somam os casos de pessoas a viverem sob a dependência de subsídios governamentais ou outros.
Também as autarquias se mostram atentas a esse flagelo, procurando evitar ‘casos dramáticos’ de fome ou de más condições de habitabilidade no Vale do Homem. Sucedem-se as acções de distribuição de cabazes alimentícios, bem como de brinquedos para os mais novos, para levar alguma alegria ao rosto dessas crianças.
A autarquia de Terras de Bouro, por exemplo, estuda já a criação de um subsídio próprio para aqueles que não recebem qualquer fundo, seja ele de desemprego ou rendimento social de inserção.
Já nos concelhos de Amares, algumas lojas sociais procuram dar respostas, pelo menos, em relação ao fornecimento de bens a custos reduzidos.
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Subsídios até 250 euros em troca de trabalho comunitário
Em Terras de Bouro, o escamoteamento das situações mais complicadas está a cargo das Técnicas de Acção Social do município, que fazem uma avaliação criteriosa de quais os agregados que devem ser contemplados com esse reforço financeiros.
Para 2011, a autarquia tem previsto um aumento do investimento na vertente social de 300%, quer isto dizer que no próximo ano a Câmara Municipal de Terras de Bouro irá investir cerca de 300 mil euros nesta área, para “apoiar pessoas que não tenham qualquer tipo de rendimento e necessitem de alguma verba para sobreviver”.
Nos últimos dias, tem surgido com frequência a designação ‘geração nem nem’, para identificar os jovens portugueses que nem estudam, nem trabalham. Em Terras de Bouro, a autarquia procura identificar outra ‘geração nem nem’, referente àqueles não recebem ordenado, nem fundo de desemprego, nem tão pouco o chamado Rendimento Social de Inserção.
Contudo, estes apoios são limitados e o município prevê ajudar “no máximo 80 pessoas”, que receberão “cerca de 250 euros mensais, a troco de alguns dias de trabalho comunitário”.
O primeiro ano de executivo serviu como forma de aprendizagem para o actual presidente da autarquia, Joaquim Cracel, que ‘tomou o pulso’ “às dificuldades sentidas e aos pedidos feitos”. “Era-nos pedido de tudo um pouco, desde o arranjo de uma porta ou uma janela, até uma intervenção no telhado de determinada habitação. Tratam-se de pessoas abandonadas à sua sorte sem qualquer tipo de rendimento”, comentou o presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, justificando o aumento de 300% da aposta na área da Acção Social.
“Pessoalmente tive, por exemplo, conhecimento de um senhor de 35 anos que não tinha emprego, sem rendimentos, que estava completamente aflito. Lembro-me também das situações vividas por duas senhoras do concelho, divorciadas, cujos maridos não cumprem com as suas obrigações no sentido de garantir a verba necessária para alimentação e educação dos filhos”, recordou o autarca.
Fonte: “Terras do Homem”, em 27-12-2010

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