quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Presidente da Junta de Chamoim em entrevista ao Terras do Homem

Perfil
António Pires, de 52 anos de idade, é casado e tem dois filhos. Este operador fabril da Empresa Águas do Fastio tem o 6º ano de escolaridade e dedica os seus tempos livres a “fazer umas bricolas” pelas redondezas.
À mesa, o autarca de Chamoim dá prioridade ao bacalhau, acompanhado de um vinho maduro tinto, “mesmo que não seja de grande marca”. Por outro lado, as Caraíbas seriam o seu destino de férias de sonho, “se houvesse dinheiro para tal”.
Quanto a leituras, o presidente da Junta de Freguesia de Chamoim confessa não ter uma preferência criteriosa, uma vez que “o tempo disponível também não ajuda”. “Fico-me mais pelas leituras ligadas a assuntos da freguesia”, comenta.
“Sem criação de emprego os jovens tenderão sempre a fugir para as cidades”
Presidente da Junta de Freguesia de Chamoim há pouco mais de dois anos, António Pires enfrenta já uma mudança abrupta na vida autárquica portuguesa, com a entrada em vigor da reforma administrativa do país. No entanto, o autarca terrabourense não antecipa cenários e prefere apontar baterias às prioridades prementes pelo desenvolvimento da sua freguesia. Requalificação dos arruamentos e respetiva pavimentação em asfalto está na linha da frente, bem como o necessário alargamento do cemitério da localidade. O saneamento é outro sonho antigo, mas sempre dependente de investimento externo.
Terras do Homem: Qual a grande prioridade para a Freguesia de Chamoim, para o que resta cumprir deste seu primeiro mandato?
António Pires: Antes de mais, gostaríamos de ver pavimentados, em alcatrão, as várias estradas que ligam os lugares da freguesia, entre si. Muitos deles ainda estão em calçada à portuguesa o que causa uma despesa extra a quem se movimenta de carro. Falo, por exemplo, da que vem desde a estrada nacional, até aqui à Igreja Matriz da Freguesia. Depois temos esta que liga a sede da Junta ao lugar de Sequeirós. De Sequeirós ao lugar de Pergoim também seria de rever. Isto falando dos lugares cá de baixo. No que diz respeito aos lugares acima da estrada nacional, penso que o caso mais crítico é o de Padrós.
Além disso, gostaríamos de proceder ao alargamento do cemitério, talvez já neste mandato. A Igreja cedeu o terreno, agora falta apoio financeiro da autarquia. Há dez anos que já é necessária essa intervenção e entendemos que esta é uma obra muito importante. É extremamente necessária.
TH: Que outros empreendimentos gostaria de ver executados nos próximos dois anos?
AP: Ao nível da iluminação, por exemplo, falta colocar alguns candeeiros, nomeadamente no lugar de Padrós. Quanto ao saneamento, ainda muito há a fazer também, já que ainda falta dotar os lugares de Santinhos, Padrós, Gradouro e Santa Comba com essa rede. Estaremos, nesse aspeto, a meio caminho. É uma obra que está incluída no plano de atividades mas que depende, evidentemente, do apoio da autarquia.
Por outro lado, há que proceder à ligação da rede de abastecimento de água nalguns lugares.
Queremos também redimensionar o campo de futebol 5, dando-lhe as medidas oficiais, mas também construindo umas bancadas.
Estamos igualmente a proceder ao alargamento de alguns arruamentos e à construção de uns muros que irão melhorar as condições de circulação no interior da freguesia. Para se ter uma ideia, só essa intervenção poderá chegar aos 20 mil euros, ou seja, esgotando todo o orçamento disponível para a Junta de Freguesia.
TH: Olhando para os dois anos e meio que leva já como presidente da Junta de Freguesia de Chamoim, que obras já foi possível executar?
AP: Antes de mais, convém referir que quando cá chegamos tínhamos a casa vazia, ou seja, tínhamos as contas a zero. Como tal, o primeiro ano não foi fácil. Mas também não temos dívidas contraídas, por outro lado.
Por isso, até ao momento, o que conseguimos foi erguer o muro do chamado caminho da Formeica. Uma outra intervenção foi feita na via que liga o lugar do Chão de Pinheiro ao lugar de Pergoim, orçamentada em mais três mil euros. Alcatroámos também o acesso a uma coelheira, que funciona como uma espécie de empresa familiar, mas que vai garantindo ainda alguns postos de trabalho. E, de resto, temo-nos dedicado mais a realizar algumas obras de manutenção, de pequena monta.
TH: Nos últimos anos voltou a acentuar-se a fuga de jovens da maioria das freguesias desta região, quer para as cidades, quer para o estrangeiro. Também a freguesia de Chamoim tem sofrido com esse flagelo?
AP: Sim, sim. Em cerca de dez anos, perdemos perto de 80 habitantes, o que numa freguesia tão pequena como a nossa é bastante significativo.
TH: A que acha que se deve tal tendência?
AP: Claramente à falta de trabalho nas redondezas. Se os jovens não têm trabalho no concelho, dificilmente conseguem ficar cá a viver. Por um lado, deu-se a crise na construção civil e, por outro, se até há uns anos a fábrica da empresa ‘Águas do Fastio’ empregava muita gente da freguesia, atualmente já não é tanto assim. Por exemplo, no Verão havia sempre sete ou oito novos postos de trabalho temporário e, agora, nem isso há.
TH: Como se poderá dar a volta a essa situação? A revisão do PDM e o aumento da facilidade em construir habitação em zonas que até eram de construção proibida, poderá ajudar a fixar os jovens?
AP: Talvez isso pudesse ajudar um bocado, mas julgo que, acima de tudo, se não houver postos de trabalho, os jovens terão sempre tendência a ir por aí abaixo.
Chamoim aberto a juntar-se a Vilar
TH: Concorda com a reforma administrativa pensada para o país no que às Juntas de Freguesia diz respeito?
AP: Por um lado, concordo que haja necessidade de se fundirem freguesias. Por outro, temo que o povo não esteja preparado para avançar para uma mudança de comportamentos a esse nível. Poderá criar, por exemplo, alguns atritos pelo sentimento bairrista das pessoas de algumas freguesias.
TH: Qual é, no seu entender, a melhor solução para esta zona do concelho? Qual a melhor fusão possível, de freguesias?
AP: Penso que seria a junção de Chamoim com Vilar, já que é a freguesia com a qual mais fazemos fronteira e da qual estamos mais próximos. No entanto, a proposta governamental propõe-nos que fiquemos com Santa Isabel do Monte. Ora, essa é uma freguesia que fica a dez quilómetros de Chamoim. Quer ficasse a Junta de Freguesia instalada cá ou lá, seria muito complicado para as pessoas, sempre que quisessem resolver um problema burocrático. Por isso, nós apontamos à ligação com Vilar – cuja sede da Junta de Freguesia está situada a um quilómetro daqui –, podendo Santa Isabel ficar com Chorense.
Ao todo, o Governo propõe cerca de 11 ou 12 freguesias para o concelho.
Aposta no turismo
TH: Se fosse presidente da Câmara Municipal, qual seria a área em que apostaria mais fortemente para desenvolver o concelho?
AP: Seguramente que seria no turismo. É a área em que Terras de Bouro mais pode colher frutos. E penso, por exemplo, no Campo do Gerês e não tanto na Vila do Gerês. Com um hotel construído, por exemplo, na freguesia de Campo poderíamos desenvolver mais esta zona do concelho, criando simultaneamente alguns postos de trabalho.
TH: E se fosse primeiro-ministro, o que acha que faria em primeiro lugar para tirar Portugal da situação em que está?
AP: Nem posso responder a isso. É muito difícil poder falar de algo tão complexo. O que eu sei é que se continua a tirar sempre àqueles que tem menos. Sabemos que há aí pessoas com reformas milionárias e outras com reformas miseráveis, assim como em termos de salários se verificam grandes diferenças, por vezes. Acho que tentaria criar medidas que permitissem equilibrar um pouco a balança.
Aposta no turismo
TH: Se fosse presidente da Câmara Municipal, qual seria a área em que apostaria mais fortemente para desenvolver o concelho?
AP: Seguramente que seria no turismo. É a área em que Terras de Bouro mais pode colher frutos. E penso, por exemplo, no Campo do Gerês e não tanto na Vila do Gerês. Com um hotel construído, por exemplo, na freguesia de Campo poderíamos desenvolver mais esta zona do concelho, criando simultaneamente alguns postos de trabalho.
TH: E se fosse primeiro-ministro, o que acha que faria em primeiro lugar para tirar Portugal da situação em que está?
AP: Nem posso responder a isso. É muito difícil poder falar de algo tão complexo. O que eu sei é que se continua a tirar sempre àqueles que tem menos. Sabemos que há aí pessoas com reformas milionárias e outras com reformas miseráveis, assim como em termos de salários se verificam grandes diferenças, por vezes. Acho que tentaria criar medidas que permitissem equilibrar um pouco a balança.
Fonte: Terras do Homem, em 19-01-2012

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