sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Trilho da Preguiça

Localização: Vilar da Veiga, Parque Nacional da Peneda-Gerês
Quando participar: todo o ano.
Grau de dificuldade: média
Duração: 3h*
*Depende da condição física dos participantes e das condições meteorológicas.
O Trilho da Preguiça permite-nos contemplar e sentir profundamente uma formação vegetal muito interessante, quer sob uma abordagem lúdico-estética, quer sob o ponto de vista conservacionista e pedagógico (sendo óptimo para aulas de educação ambiental ao ar livre). Portanto, exige-se aos visitantes o respeito que merecem os santuários naturais. As condições edafo-climáticas (que nos reportam às relações interdependentes entre as particularidades do solo e do clima) no vale de falha (geológica) do rio Gerês (cujo curso montês é travado na barragem da Caniçada que se avista logo no início deste percurso), permitiram que aqui medrassem em harmonia as espécies mais emblemáticas de regiões climáticas muito diversas, quase antagónicas, mostrando-nos o melhor de “dois mundos”. Claro que esta convivência não é isenta de competição (ex.: pela luz e nutrientes), mas ao longo dos milénios tornou-se mais num sinergético equilíbrio de forças.
Percorreremos um ambiente nemoroso (ou seja, sombrio, fresco e húmido) em que as copas das árvores se tocam e a intrincada rede das suas raízes protegem a íngreme encosta da erosão e, simultaneamente, asseguram que abundantes regatos corram todo o ano.
Um denso núcleo de medronheiros, que impressiona pelo seu porte agigantado (sendo que alguns exemplares chegam aos 7 metros de altura e é necessário uma pessoa adulta para abraçar a totalidade do seu diâmetro), certamente que surpreenderá até os experientes naturalistas (que talvez se interroguem se, por artes mágicas, não foram transportados para alguma serra do centro/sul da Península Ibérica…). Logo os carvalhos-alvarinho impõem a sua presença de patriarcas deste bosque, fazendo-se acompanhar de outras espécies de porte arbóreo autóctones mas muito mais escassas no nosso país, como sejam os azereiros e os azevinhos. Destacam-se ainda os castanheiros e os áceres.
Na parte mais elevada do trilho, aparecem carvalhos (alguns deles são negrais) que, mesmo moribundos, apresentam a dignidade estóica de veteranos de guerra que a duras penas conseguiram sobreviver aos fogos trazidos por mão humana. À sua volta desenvolve-se um mato típico das zonas expostas à secura e à erosão que é consequência de muitos incêndios. Não se trata de um bosque pristino; longe disso. A acção negativa do homem também aqui é evidente. Basta olharmos para as numerosas espécies alóctones (não indígenas) que, como destrutivos cavalos de Tróia, penetraram neste frágil e ameaçado ecossistema, tornando-o o seu lar adoptivo – algumas delas, como as acácias-mimosa, estão em plena expansão descontrolada.
Já perto do final, poderemos apreciar algumas quedas d’água, por vezes acompanhadas de pequenas pontes de madeira que completam o encanto idílico.

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