terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Seca destrói pastagens e prejudica vinho verde

Os agricultores minhotos estão preocupados com a falta de chuva. A seca já destruiu pastagens, está a prejudicar o cultivo de cereais de Inverno e ameaça a qualidade do vinho verde.
“Os produtores estão muito preocupados e têm manifestado as suas apreensões junto da associação”, revela José Manuel Lobato, presidente da Associação dos Agricultores do Distrito de Braga (ADADB).
A ADADB promoveu no passado sábado à noite uma reunião com associados e neste encontro foi aprovada a tomada de uma posição pública sobre as consequências da seca na agricultura da região.
Ainda antes da divulgação desse documento, José Manuel Lobato adiantou ao ‘Correio do Minho’ algumas das preocupações mais latentes. “Uma das grandes preocupações prende-se com a destruição das pastagens. Sem pastos para os animais, os agricultores vêem-se obrigados a comprar palha e rações. Em consequência disso, o preço das rações está a subir nos mercados. No entanto, os preços pagos ao produtor ou se mantêm ou descem. Há agricultores em situação financeira muito debilitada”, explicou José Manuel Lobato.Qualidade do vinho verde pode estar em causa
Também a produção de vinho começa a causar apreensão. “Se o tempo continuar assim seco o vinho verde vai ser prejudicado. O vinho que produzimos nesta região precisa de humidade, pelo que ou vai precisar de rega ou a produção vai sofrer: haverá menos vinho, o nível de álcool do produto será mais elevado e poderá ainda perder aquela acidez que caracteriza o vinho verde”, alerta o presidente da Direcção da ADADB.
A associação pede por isso apoios extraordinários para os produtores, não só para os da região, mas para os de todo o país. “Se nós já sentimos no Minho os efeitos da falta de chuva, imagine-se lá para o sul”, admitiu.Atrasos nos pagamentos relativos a animais mortos
Na reunião do passado sábado, foi ainda abordada outra questão que preocupa os agricultores e que se prende com a perspectiva apresentada pelo Governo de deixar de custear a recolha de animais mortos. Aliás, José Manuel Lobato denuncia que há atrasos no pagamento às entidades que fazem essa recolha.
“É uma situação delicada, porque os agricultores não têm dinheiro para custear a recolha dos cadáveres de animais e poderemos estar perante uma situação que coloca em causa a sanidade pública”, admite.
Neste encontro, os produtores mostraram-se receosos sobre as consequências do impacto na agricultura do acordo que se perspectiva entre a União Europeia e o Mercosul. “Seria desastroso para os nossos produtores de carne”, realça. À baila voltou ainda a questão dos preços praticados pelas grandes superfícies, concretamente no caso do leite.
Fonte: Correio do Minho, em 28-02-2012

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