quarta-feira, 9 de maio de 2012

Famílias obrigadas a despesas «extra» para poderem ver televisão

Chegou a televisão digital terrestre ao Vale do Homem e, com isso, chegaram também as dores de cabeça para os moradores das freguesias mais serranas da região, como são os casos de Valdosende, Rio Caldo ou Vilar da Veiga, em Terras de Bouro. Depois de ter feito uma participação às entidades competentes, e perante a ausência de medidas que reforçassem o sinal TDT no vale do Cávado, a Câmara Municipal de Terras de Bouro resolveu investir alguns milhares de euros na colocação de dois retransmissores de sinal na zona da freguesia do Campo do Gerês e das freguesias juntas ao Vale do Cávado. Ao todo, serão investidos perto de 18 mil euros. Tudo para evitar um 'apagão' definitivo do sinal de televisão naquela zona do concelho.
Os problemas chegaram com o fim do sinal analógico que deixou muitas famílias à beira de um ataque de nervos. De forma a evitar ficarem sem televisão, muitos moradores despenderam centenas de euros em aparelhos fortificadores de sinal e, em muitos casos, chegaram mesmo a contratualizar serviços de televisão digital a empresas como a Zon ou a Meo. 
Foi o que aconteceu nalguns lares do Lugar do Assento, na freguesia de Valdosende. De acordo com Dina Guedes, em sua casa “já se tinha gasto, recentemente, 70 euros num recetor TDT que se manifestou inútil”. “Depois de ver que continuava sem televisão voltei a contactar a ANACOM que se limitou a aconselhar-me a compra de um Kit Complementar, que custava mais 77 euros – dos quais 40 eram comparticipados – mas que não me garantia a persistência do sinal de televisão digital”, referiu. Além disso, lamentou, “para se ter direito à comparticipação, há que preencher uma série de formulários”. 
“Porque dizem que esta transição é gratuita, quando na realidade não é?”, interroga-se. 
De acordo com esta moradora, os representantes das entidades responsáveis pela migração de sinal “apenas dizem que esta é uma norma europeia e não querem saber de mais nada”. 
“Perante esta postura, penso que isto se tornou foi um ótimo negócio para a ZON e a Meo, nestas zonas”, defende a jovem habitante do Lugar do Assento, referindo que, perante os problemas na captação de sinal, “a maioria dos moradores preferiu fazer contrato com uma dessas empresas”. 
A suspeita acaba por ser “confirmada” pelos regulares telefonemas dos comerciais representantes dessas duas marcas a “sugerirem a contratualização dos seus serviços, por já saberem de antemão dos problemas nesta localidade”. 
“Por muito que as pessoas instalem tudo e gastem centenas de euros, o sinal acaba sempre por falhar com regularidade”, acrescenta, assegurando que, neste momento, só tem uma tv em funcionamento, “para não pagar aluguer de mais boxs”. 
Também Cláudia Pereira experimentou os mesmos problemas. A solução passou por “estabelecer contrato com a Meo e a Zon e alugar uma box por cada televisão”. “Claro que temos apenas o pacote mínimo”, acrescentou. “Simplesmente, não recebia sinal nenhum. Já tinha comprado os aparelhos TDT mas de nada me serviu. Aqui quase toda a gente está a optar por este sistema porque o sinal falha bastante e, ao menos, sempre se fica com mais alguns canais”, contextualizou a habitante de Valdosende, defendendo que “foi a pior coisa que inventaram”. 
“Garantem que existe sinal nesta zona, mas não há. Se queriam mudar o sistema, garantiam que toda a gente acabaria por ter sinal”, concluiu. 
Fonte: Terras do Homem, em 9-05-2012

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