sexta-feira, 10 de maio de 2013

“Em breve, poderemos ter muitas aldeias fantasma”

“Senão apostarmos na criação de riqueza nas aldeias tradicionais, em breve veremos algumas delas transformarem-se em aldeias fantasma”. O aviso foi deixado pelo presidente da Associação de Desenvolvimento das Terras Altas do Homem, Cávado e Ave (ATAHCA), José Mota Alves, durante o seminário ‘O Turismo de Aldeia como Potencial de Dinamização Económica dos Núcleos Rurais’, que se realizou no Museu de Vilarinho da Furna, no Campo do Gerês.
Diagnosticando uma taxa de despovoamento elevadíssima nos meios rurais, Mota Alves lembra que, sem gente, “mais facilmente se perderá património material e memórias coletivas”.
No seu entender, a divulgação das aldeias rurais, dentro e fora do país, poderá ajudar a recolocar vida humana nessas localidades, mas para isso será necessária a criação de uma marca “comum e forte”. “Este projeto documenta todo o património da região e sugere também um manual de boas práticas que conduza aos efeitos desejados”, assegurou na apresentação do mesmo.
Mota Alves lembrou que o interior do país tem potencialidades culturais, naturais, paisagísticas e gastronómicas “enormes”, mas que não estão suficientemente valorizadas e aproveitadas. No atual contexto, disse, é “muito importante” que as zonas rurais criem uma imagem comum para “vender” as suas potencialidades. A existência de uma imagem e de uma marca pode, na opinião deste responsável, “atrair investidores, criar emprego, fixar pessoas e repovoar o interior”. “Terras de Bouro tem muitos e bons exemplos: Brufe, Covide, Campo do Gerês, Santa Isabel”, especificou.
José Mota Alves avançou ainda que é necessário fazer o registo da cultura imaterial, porque os turistas procuram e interessam-se pela identidade dos povos que visitam. “Faz-se a transmissão mental dos saberes, mas se os mesmos não forem registados vão-se perdendo no tempo”, salientou.
Manter a componente agrícola das aldeias é, acrescentou, “fundamental” porque, se perderem esta atividade, perdem características.
Na mesma linha, a presidente da Associação de Turismo de Aldeia (ATA), Ana Paula Xavier, considerou que a atividade turística é um dos meios de dinamização económica das regiões do interior, mas não o único. O turismo, disse, vai criando “alguns” postos de trabalho, pelo que sem este setor o cenário de desertificação das aldeias seria “bem pior”.
Para tornar as aldeias atrativas é importante, garantiu, apostar no alojamento, restauração, gastronomia, artesanato, transformação de produtos e agricultura de forma “organizada” para que funcionem em “rede”.
No entender de Ana Paula Xavier, os investidores do meio rural mais do que dinheiro precisam de apoio, formação, informação e orientação.
Por seu turno, o presidente da Câmara de Terras de Bouro, Joaquim Cravel Viana, frisou que desenvolver as aldeias do interior do país pelo turismo é a “melhor” solução. Por isso, desejou o autarca, que aquele dia fique marcado como “uma data importante na luta pela defesa e manutenção das aldeias portuguesas”.
Fonte: Terras do Homem, em 10-05-2013

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