sábado, 24 de julho de 2010

PNPG: Maravilha que merece mais que ser eleita

Tem merecido um destaque significativo nos meios de comunicação social a eleição das Sete Maravilhas da Natureza, corrida em que o Parque Nacional da Peneda-Gerês continua envolvido, agora que o processo; se encontra numa fase mais avançada e, consequentemente, com um leque de candidatos mais reduzido e apurado. Como seria aliás de esperar. Não é por acaso que o território que o constitui foi o único a merecer, no nosso país, o estatuto máximo de parque nacional.
Mas, como já foi evidenciado num anterior editorial dedicado a este tema, importa meditar no objectivo para cujo alcance pretende contribuir quem vota no património natural que mais aprecia ou quando se apela a que outros votem neste mesmo sentido.
A Peneda-Gerês só continuará a ser a Peneda-Gerês se a integridade territorial dos seus 70.000 hectares for garantida e salvaguardada. Referimo-nos à integridade sob o ponto de vista natural, está claro, precisamente a que diz respeito à vertente patrimonial que agora se promove, e tantos motiva neste concurso. Integridade que é posta em causa quando para eles se exige a concretização de projectos, sempre envolvendo infra-estruturas violadoras do espaço.

Só a defesa do território no seu conjunto poderá preservar preciosidades que subsistem no interior desta área protegida como é o caso da Mata de Albergaria e de outros redutos que, lamentavelmente, na maior parte das vezes só merecem uma referência quando uma calamidade - como um grande incêndio - se abate sobre eles.
É importante dar maior visibilidade a um património que se pretende salvaguardar para as gerações futuras, por ser raro, por ser ímpar, mais ainda num país que maltrata a paisagem, a biodiversidade, as espécies autóctones, sejam elas vegetais ou animais. Mas não podemos ficar por aí, sob pena dessa visibilidade poder contribuir para uma maior pressão potenciadora da delapidação do património que todos dizemos admirar e por isso merecer a escolha no momento de votar. Visibilidade não é necessariamente sinónimo de conhecimento. E desconhecimento é algo que não contribui para o respeito e para uma usufruição sustentada, dos valores que estão na origem desta movimentação.
É pois, do maior interesse que dinâmicas como a realização deste concurso tenham em conta o interesse da necessária divulgação dos valores em causa e da forma de os melhor preservar. O melhor prémio que podemos dar ao espaço natural por nós eleito é (também) contribuir para o debate das questões que comprometem a sua preservação, no sentido de encontrar os indispensáveis consensos entre os diversos pontos de vista das várias entidades envolvidas na região de modo a que esta maravilha da natureza seja preservada no futuro. Independentemente do resultado deste concurso.
Fonte: Jornal Geresão, em 20-07-2010

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